CPI, discussão pública e debate.

Por Cristian Junior

Em 21/05/2021

Bolsonaro é uma figura trágica do Brasil, na maior crise sanitária desde a proclamação da República. Um homem cruel, que não tem, ou finge não ter, a noção da tragédia que está ocorrendo. Faz declarações horrendas, no momento em que o Brasil se aproxima de 440 mil mortes por Covid-19, assim como fazia no começo da pandemia. Não há mudança de atitude. Diz que lamenta as demais mortes, que pode vir uma terceira onda, “uma quarta, uma quinta, uma sexta…”. Seu discurso não se preocupa com a seriedade que uma terceira onda pode significar ao Brasil. Ele não está atento ao que ocorre na Índia, por exemplo, que acabou se transformando no epicentro da pandemia.

 

Você passa pelo noticiário e vê ele fomentando aglomerações, não utilizando máscaras, o que cria uma contradição com o próprio Ministro da Saúde. Este faz uma enorme campanha em sentido contrário. Fez, inclusive, uma declaração que contraindica cloroquina, enquanto o presidente continua defendendo a utilização do remédio como tratamento precoce. Os fanáticos que se manifestaram no último final de semana, em favor do presidente, ignoravam as orientações sanitárias. 

 

Temos que ter um compromisso com aqueles que morreram, e com suas famílias. Temos que apurar o que ocorreu nesta gestão da pandemia para se tornar tão horrenda. Por isso a CPI é tão importante. E com o presidente, também devemos investigar, como sociedade e suas instituições representativas, governadores e prefeitos que contribuíram para o morticínio.

 

Estamos enfrentando, também, um apagão de vacinas. Os que tomaram a primeira dose correm o risco de não contar com a disponibilidade da segunda. Embora não possamos viver constantemente com processos de impeachments, tendo em vista que são muito traumáticos, este instrumento parece, aos especialistas, ser necessário. 

 

Última pesquisa da DataFolha indica que a maior parte dos brasileiros, 58%, acreditam que o Presidente não tem condições de liderar o país, enquanto 38%, por incrível que pareça, acreditam no contrário. E falando em manifestação de opinião pública, o presidente voltou a atacar a urna eletrônica, desqualificando todo o processo eleitoral do Brasil. Parece querer transformar a urna eletrônica no motivo de uma derrota eleitoral que ainda não aconteceu, como que querendo criar o clima do dia 06 de janeiro no Capitólio dos EUA. Parece ser esta a estratégia, e pretendemos enfrentá-la com discussão pública e debate. Por isso este espaço é, também, tão importante.